Nada acontece.

Coração acelerado e o vento frio, daqueles que congelam algo que já não pulsa como antes. O ponteiro do relógio que fazia música, hoje se arrasta, boceja, persegue-me. O café é amargo para disfarçar a angústia que a madrugada leva consigo. Não há pássaros na janela, só um gato com seus olhos amarelados em um canto qualquer.
    O livro que comecei está entreaberto em cima da cama, são os mesmo rabiscos, as viagens são as mesmas e a melancolia me espreita.
    O vazio me consome, suga minhas esperanças, desejos, sorve meus sonhos. Estou faminta. Mas de quê? Pergunta o coração, não existe resposta. A agonia chega e fica, me obrigando a ter pensamentos que nenhum presidiário terá tido, nem como últimos em sua vida.
    O sol chega, o sono não. As pálpebras teimam em pesar, mas não fecham. Eu espero, só espero. Um telefonema, uma voz, uma utopia, espero que o atlântico evapore, espero que Hitler e Martin Luther King batam a minha porta de mãos dadas.
   Nada acontece.
As horas teimam em fazer o tempo que consome. Adormeço por fora, morro por dentro. Sigo tentando me reinventar.
    Eu,
       eu...
           eu.

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